18 de ago. de 2009

Este é meu último post neste blog. Agora escrevo no Palavras do Bruno. Além de cinema, comento livros, música, quadrinhos, seriados, meditação, filosofia oriental e muito mais. Confiram!

2 de jun. de 2009

Amigos, a última sessão do semestre do Cineclube Equipe acontece no próximo sábado, dia 06. Vale muito a pena comparecer, porque o esforço e a organização da iniciativa deles merece todo o prestígio. As sessões e os debates são sempre muito bacanas.


Cineclube Equipe investiga o cinema de gênero no Br asil (sábado, 06 de junho de 2009)

O Cineclube Equipe, projeto sem fins lucrativos do Instituto Equipe Cultura e Cidadania, realiza a terceira sessão do ciclo investigação sobre cinema no Brasil no sábado 06 de junho de 2009 com o tema Cinema de gênero no Brasil. A sessão, excepcionalmente dupla, contará com a exibição às 14h da chanchada Matar ou correr (Carlos Manga, 1954) e do terror que marca o surgimento da personagem Zé do Caixão, À meia-noite levarei sua alma (José Mojica Marins, 1964), às 16h. Às 18h, haverá debate com o professor da UFF e crítico Luís Alberto Rocha Melo. No hall de entrada será disponibilizado livros para consulta e folhetos informativos sobre o tema. Serão vendidas apostilas com textos de apoio à programação anual e, ao final, haverá sorteio de livro. A sessão tem colaboração sugerida de R$4,00 e acontece no auditório do Colégio Equipe (R. Bento Frias, 223 - Pinheiros, São Paulo/ tel. 3579-9150).

Debatedor
Luís Alberto Rocha Melo é doutorando em Comunicação, Imagem e Informação pela Universidade Federal Fluminense. Autor do capítulo “Gêneros produtores e autores - linhas de produção no cinema brasileiro recente”, publicado no livro “Cinema Brasileiro 1995-2005: ensaios sobre uma década” (2005). É pesquisador do Acervo Alex Viany (www.alexviany.com.br), crítico da Revista Contracampo (www.contracampo.com.br) e realizador, tendo dirigido sete documentários, entre eles “O Galante rei da Boca” (2004), e o curta-metragem de 35mm “Que cavação é essa?” (2008).

Investigação do cinema no Brasil
Inspirados pelos questionamentos levantados pelo crítico Jean-Claude Bernardet no livro "Historiografia Clássica do Cinema Brasileiro", o Cineclube Equipe se lança, em seu quarto ano de atividades, no estudo sobre o cinema no Brasil através de uma programação aberta, que será percorrida ao longo de 2009 com a experimentação de diferentes metodologias de pesquisa.

Em sessões com convidados de diversas áreas (cineastas, teóricos, historiadores, críticos), como Ismail Xavier, Luís Alberto Rocha Melo, Sheila Schvarzman e Leonardo Mecchi, investirá contra o conhecido e o confortável, na tentativa de construir conhecimentos acerca de temas como cinema de gênero brasileiro, processos durante a ditadura militar, tensão entre cinema autoral e industrial, mercado internacional de curta-metragens contemporâneo.

Dispostos a, constantemente, rever conceitos usados e questionar nossa maneira de ver os filmes - em diálogo com outros pesquisadores, lançamo-nos nesta experiência formativa que, como sempre, se concretiza no coletivo: nos estudos e preparativos dos membros organizadores do Cineclube Equipe e no encontro com os espectadores que freqüentam as sessões.

Cineclubinho Equipe
Mais cedo, no mesmo dia, às 10h30, o Cineclubinho Equipe exibirá O pequeno príncipe (1974) de Stanley Donen. Após a projeção, será realizado sorteio de livro e atividade lúdica com as crianças. (Colaboração sugerida: R$2,00)

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Acompanhe as atividades do Cineclube Equipe em seu twitter: http://www.twitter.com/cineclubeequipe

Para mais informações, visite:
http://www.iequipe.org.br/agora/doc.cfm?id_doc=2042

4 de mai. de 2009

Um exclarecimento: este post não é meu retorno às atualizações do blog. Mas como amigo dos organizadores do Cineclube Equipe e admirador do trabalho deles, não poderia de jeito nenhum deixar em branco a volta das sessões no Cineclube!


Cineclube Equipe investiga os processos na ditadura (sábado, 09 de maio de 2009)

O Cineclube Equipe, projeto sem fins lucrativos do Instituto Equipe Cultura e Cidadania, realiza a segunda sessão do ciclo investigação sobre cinema no Brasil no sábado 09 de maio de 2009 com o tema Processos na ditadura. Será exibido em cópia rara, às 16h, Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984), filme que teve sua produção iniciada e interrompida em 1964 devido ao Golpe militar e foi retomado e finalizado durante o processo de abertura política, seguido de debate, às 18h, com Ismail Xavier, pós-doutor em estudos de cinema pela NYU, professor da ECA-USP, autor e organizador de diversos livros sobre cinema. No hall de entrada serão disponibilizados livros para consulta e folhetos informativos sobre o tema. Serão vendidas apostilas com textos de apoio à programação anual e, ao final, haverá sorteio de livro. A sessão tem colaboração sugerida de R$4 e acontece no auditório do Colégio Equipe (R. Bento Frias, 223 - Pinheiros, São Paulo/ tel. 3579-9150).

Debatedor
Ismail Xavier é professor de Cinema na Escola de Comunicações e Artes da USP; foi professor visitante da New York University (1995), da University of Iowa (1998), da Université Paris III - Sorbonne Nouvelle (1999), da University of Leeds (2007) e da University of Chicago (2008); publicou, entre outros livros, O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência, Sertão Mar: Glauber Rocha e a estética da fome, Griffith: o nascimento de um cinema, Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal, O cinema brasileiro moderno e O olhar e a cena: melodrama, Hollywood, Cinema Novo, Nelson Rodrigues.

Investigação do cinema no Brasil
Inspirados pelos questionamentos levantados pelo crítico Jean-Claude Bernardet no livro "Historiografia Clássica do Cinema Brasileiro", o Cineclube Equipe se lança, em seu quarto ano de atividades, no estudo sobre o cinema no Brasil através de uma programação aberta, que será percorrida ao longo de 2009 com a experimentação de diferentes metodologias de pesquisa.

Em sessões com convidados de diversas áreas (cineastas, teóricos, historiadores, críticos), como Ismail Xavier, Luís Alberto Rocha Melo, Sheila Schvarzman e Leonardo Mecchi, investirá contra o conhecido e o confortável, na tentativa de construir conhecimentos acerca de temas como cinema de gênero brasileiro, processos durante a ditadura militar, tensão entre cinema autoral e industrial, mercado internacional de curta-metragens contemporâneo.

Dispostos a, constantemente, rever conceitos usados e questionar nossa maneira de ver os filmes - em diálogo com outros pesquisadores, lançamo-nos nesta experiência formativa que, como sempre, se concretiza no coletivo: nos estudos e preparativos dos membros organizadores do Cineclube Equipe e no encontro com os espectadores que freqüentam as sessões.


Cineclubinho Equipe
Mais cedo, no mesmo dia, às 11h, o Cineclubinho Equipe exibirá The Beatles - Submarino Amarelo (1968) de George Dunning. Após a projeção, será realizado sorteio de livro e atividade lúdica com as crianças. (Colaboração sugerida: R$2)

3 de abr. de 2009

Parábola Zen:

Para quem não conhece o Zen, as montanhas são montanhas, as árvores são árvores e os homens são homens.

Para quem estuda o Zen, as montanhas não são montanhas, as árvores não são árvores e os homens não são homens.

Para quem atingiu plenamente o Zen, as montanhas são montanhas, as árvores são árvores e os homens são homens.

Moral da história: no momento, eu me encontro no meio do caminho desta parábola. Estou reavaliando algumas coisas pessoais e aprendendo coisas novas (sim, incluindo filosofia Zen). Percebi que por causa desse processo eu perdi o interesse em escrever sobre cinema. Portanto, enquanto esta etapa de aprendizado e transformação durar, meu blog permanecerá sem atualizações. Peço desculpas a vocês leitores, mas garanto que é uma decisão tão indispensável quanto temporária. Faço uma promessa pra vocês: quando estiver satisfeito comigo mesmo, escrever sobre cinema voltará a ser escrever sobre cinema.

Abraços,

Bruno Amato

7 de mar. de 2009

Quem Quer Ser um Milionário?


(Danny Boyle, 2008) = 0

Há uma cena em Milionário que talvez explique o sucesso internacional do filme. O herói, ainda menino de rua, ganha cem dólares dum casal americano que sentiu pena dele. É um ataque a relação paternalista que o primeiro mundo freqüentemente mantém com o terceiro. O Oscar ironicamente apenas confirma esse paternalismo ao premiar com oito estatuetas um “exótico” filme da Índia. Filme falado em inglês, dirigido por um inglês, porque um autêntico filme indiano jamais seria premiado.

Bom, tenho fé que esse filme bobo será esquecido em dois anos. O único prêmio que ainda me incomoda é de Fotografia. Espero que Milionário não influencie o visual dos filmes daqui pra frente, porque sua fotografia é feia demais. Suja, com cores apagadas e saturada por luzes fortes ofuscando uma câmera que treme sem motivo. Esse filme foi feito pra ser visto por um público com Déficit de Atenção. Ou viciado em televisão, já que o frenesi de luzes e sons só se acalma nas cenas de game show. São os poucos momentos em que o diretor Boyle mostra interesse no que está na frente da câmera.

Outra coisa que me incomoda é a reação da crítica no Brasil e no mundo, bem decepcionante dum modo geral. O filme tem muitos e importantes detratores (Inácio Araújo, Marcelo Miranda, etc). Porém, um bocado de gente se rendeu a essa extravagância de mau gosto. E isso me fez pensar num texto do Luiz Carlos Oliveira que li dias atrás.

Trata-se do polêmico
A Publicidade Venceu. Este ensaio argumenta que a crítica de cinema não consegue (ou não quer) detectar e combater o cinema publicitário. Segundo ele, “a crítica está menos preocupada em ver uma obra que a obrigue a pensar a forma (...) do que em ter o que discutir. Quanto menos um filme sacudir sua posição de analista de discurso (...), mais longe vai a discussão (nunca mais fundo)”.

Bom, Milionário deu muito assunto pra críticos e comentadores culturais medíocres discutirem: Índia, TV, crianças de rua, globalização, novela das oito, a lista vai longe. Mas discurso coerente? Cinema? Só se for cinema publicitário. Onde, ainda segundo o Luiz, o que mais importa é a idéia (eu diria “sacada”, uma gíria publicitária).

Nessa tipo de cinema, nas palavras dele, “a idéia sobrevive à perda de vínculo com o pensamento e com o olhar”. E “essa idéia é sempre rasa, sempre retrógrada, não tem como ser de outro jeito”. Ou seja, cinema mesmo – câmera, fotografia, atores, personagens, uma visão de mundo – é secundário.

Pra mim, a definição perfeita pra Milionário. Boyle não se importa com a Índia, Mumbai, contexto histórico, nem com seus personagens (estúpidos e desinteressantes). É tudo desculpa pra vender uma embalagem pop, exótica, frenética e barulhenta dum país que ele sequer se esforça em entender.

Que uma bobagem dessas faça sucesso é normal. Todo ano surge um fenômeno que se revela uma fraude. Mas que só poucos reajam é revoltante.


AVISO:

Este blog por enquanto funcionará como uma coluna semanal, sendo atualizado toda sexta-feira. Contudo, devido a problemas técnicos (computadores são pouco confiáveis) a primeira coluna, Oscar 2009, só foi publicada no sábado. Infelizmente, pelo mesmo motivo, a segunda coluna também só será postada hoje - mas será postada, garanto. No futuro, espero diminuir a
freqüência desses atrasos.

E agora vocês já sabem, toda sexta-feira (ou quase...) esperem um texto novo aqui. Não percam! Conto com seus comentários. Abraços.

28 de fev. de 2009

Oscar 2009
Pra mim, a observação mais interessante sobre o Oscar deste ano não veio de nenhum crítico. Veio do filme A Troca, de Clint Eastwood (indicação pra Angelina Jolie). Sendo específico, da seqüência final.

O desfecho (quem não viu, considere-se avisado) se dá anos depois da execução de um assassino de crianças que provavelmente matou o filho de Jolie. Ela, contudo, ainda acredita que o menino está perdido, mas vivo. É dia do Oscar e a mulher aposta – corretamente – em Aconteceu naquela Noite, de Frank Capra. Subitamente, é avisada que uma das vítimas foi encontrada viva! Ela corre pra delegacia e descobre que o menino em questão é filho de outra. Confiante, a protagonista diz que o engano apenas aumentou sua esperança de encontrar o filho. Ela sai pela rua e nós a perdemos na multidão. Um plano geral da cidade mostra, no fundo, um cinema exibindo Aconteceu naquela Noite (foto). Fim.

O que essa cena diz sobre o Oscar? Bom, nos filmes de Frank Capra a América sempre dá certo. O país tem problemas, claro, mas a bondade das pessoas comuns e a confiança nas instituições prevalece no final. A ironia é que o filme que vimos até então, A Troca, mostrou um EUA bem diferente. De homens e instituições desprezíveis. Mas o Oscar insiste em premiar uma imagem do país mais confortável. A de Capra.

Não estou dizendo que filme bom é filme pessimista. Apenas me espanta a seriedade com que alguns encaram a cerimônia. Leio um crítico repetir todo ano o discurso que “o Oscar está ficando adulto”. Aos 81 anos, ainda estaria na adolescência?

O Oscar é publicidade. Os candidatos são eleitos por sua popularidade (não confundir com bilheteria). Raramente premia obras estranhas e pessimistas, como ano passado. Mesmo assim, um cínico diria que um país que celebra um capitalista impiedoso (Sangue Negro) e um assassino implacável (Onde os Fracos...), está mandando uma mensagem pros inimigos.

Tudo bem, torcer pelos favoritos pode ser divertido. Mas analisar seriamente se o Oscar deste ano foi justo é ridículo. Acho produtivo debater porque certos filmes fizeram sucesso na premiação. Basta lembrarmos disso: tudo que está na moda tem significado, mas nem sempre tem valor.

13 de fev. de 2009

4 de jan. de 2009

Melhores filmes vistos em 2008

Este ano, neste novo blog, eu decidi mudar os meus critérios para fazer a lista de melhores filmes vistos ano passado. Inspirado parcialmente por gente como o
Filipe, estabeleci quatro regras pra montar minha lista:

1) Antes, minhas listas eram compostas apenas por estréias do circuito comercial. Agora, decidi adicionar aqueles vistos de outras formas (em festivais como a Mostra SP, por exemplo). É uma forma de avisar o leitor que há outras maneiras de ver um filme além de esperar por uma estréia no cinema que nunca virá. Também é um jeito de protestar contra nosso limitado circuito.

2) Minhas listas anteriores eram grandes, abrangendo todos os filmes que achei muito bons ("três estrelas") ao longo do ano. Este ano decidi fazer uma lista curta, de apenas 12 filmes. Por um simples motivo: justamente por deixar de lado vários filmes legais, uma lista curta diz muito mais sobre quem a fez (sua maneira de ver cinema) do que uma lista longa. Por que 12 filmes ao invés de 10? Porque eu gosto mais do número 12, é mais místico que o 10 e essa desculpa furada me permite espremer mais dois filmes.

3) Um critério realmente copiado do Filipe: só entram na lista filmes de no máximo dois anos atrás (portanto, até 2006 nesta aqui).

4) Só entram filmes vistos pela primeira vez naquele ano. Por exemplo, vários filmes ótimos ou excelentes que estrearam no circuito comercial em 2008 já tinham sido vistos por mim em anos anteriores (em festivais, por exemplo). Azar deles, mas fica minha recomendação: Não Estou Lá, Paranoid Park, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto e Serras da Desordem são realmente imperdíveis!

Agora, aos 12 melhores:

1º Diário dos Mortos (George A. Romero, 2007)= ****

Romero vai a essência das coisas de nosso mundo louco. O final é um tapa na cara de todos que ao invés de botarem a mão na massa, preferem se trancar no quarto e viver exclusivamente na web, comentando e escrevendo blogs medíocres. Hum...

2º A Espiã (Paul Verhoeven, 2006) = ****

A prova de que é possível fazer entretenimento nota 10 com a) pessimismo; b) respeito pela inteligência do espectador; c) personagens ambíguos.

3º Aquele Querido Mês de Agosto (Miguel Gomes, 2008) = ****

4º Onde os Fracos Não Têm Vez (Joel & Ethan Coen, 2007) = ****

5º A Fronteira da Alvorada (Philippe Garrel, 2008) = ***

Poucos filmes recentes têm uma dor tão autêntica.

6º Fim dos Tempos (M. Night Shyamalan, 2008) = ***

Antes de resolver sua relação com o meio ambiente, o ser humano precisa resolver sua relação com os outros seres humanos. E como o final sinistro indica, ainda assim pode ser tarde demais. Um dos filmes mais genuinamente prazerosos de assistir da lista.

7º Sonata de Tóquio (Kiyoshi Kurosawa, 2008) = ***

8º Uma Garota Dividida em Dois (Claude Chabrol, 2007) = ***

9º Falsa Loura (Carlos Reichenbach, 2008) = ***

10º Leonera (Pablo Trapero, 2008) = ***

11º Encarnação do Demônio (José Mojica Marins, 2008) = ***

12º Deixe Ela Entrar (Tomas Alfredson, 2007) = ***

OBS: os filmes que não estrearam no circuito comercial estão em negrito.

1 de jan. de 2009

Em breve, publico minha lista de melhores de 2008. Por enquanto fiquem com meu ranking de filmes vistos em dezembro, seja em casa ou nas salas de cinema.

No Cinema

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (Ed Harris, 2008) = **
Beijo na Boca, Não! (Alain Resnais, 2003) = ***
Diário dos Mortos (George A. Romero, 2007)= ****
Encarnação do Demônio (José Mojica Marins, 2008) = ***
Falsa Loura (Carlos Reichenbach, 2008) = ***
Gomorra (Matteo Garrone, 2008) = **
Murmúrios do Rio Fuefuki (Keisuke Kinoshita, 1960) = ***
Non, ou a Vã Glória de Mandar (Manoel de Oliveira, 1990) = ****
Onde Andará Dulce Veiga? (Guilherme de Almeida Prado, 2007) = ***
Palavra e Utopia (Manoel de Oliveira, 2000) = ****
Queime Depois de Ler (Joel & Ethan Coen, 2008) = *
Rebobine, Por Favor (Michel Gondry, 2008) = *
São Bernardo (Leon Hirszman, 1973) = ****

Em Casa

007 Contra Goldfinger (Guy Hamilton, 1964) = **
O Advogado do Terror (Barbet Schroeder, 2007) = *
O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968) = ***
Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001) = ****
Curva do Destino (Edgar G. Ulmer, 1945) = ****
Paixões que Alucinam (Samuel Fuller, 1963) = ****
O Pântano (Lucrécia Martel, 2001) = ***
Stop-Loss - A Lei da Guerra (Kimberly Peirce, 2008) = *

31 de dez. de 2008

Estou há muito tempo sem atualizar este blog e peço desculpas a vocês. Estive ocupado com diversas obrigações de fim de ano, incluindo as importantes reflexões sobre o ano que passou e o próximo que virá. Não sei quanto a vocês, mas digo sem nenhum exagero que 2008 foi o meu melhor ano em muitos e muitos anos. Até mesmo os problemas e perdas que enfrentei serviram pra ressaltar meus ganhos e me tornar mais forte e sábio – aprendi muito com eles. Tenho fé que 2009 será ainda melhor pra mim. E desejo a todos vocês um ano novo tão bom ou até melhor!

13 de dez. de 2008

Dois recados atrasados. Vamos a eles:

1) Parabéns a Manoel de Oliveira, que agora sim completou 100 anos. Que venham mais 100.

2) Retrospectiva do Cinema Brasileiro do Cinesesc - No Cinesesc, entre 12 e 21 de dezembro. São 68 longas-metragens lançados em São Paulo deste ano. Imperdível.
Veja a seleção e programação.

10 de dez. de 2008

Parei de avaliar os episódios de séries de TV. Este será (pelo menos por enquanto) um blog exclusivamente sobre cinema.

Manoel de Oliveira 100 Anos

Palavra e Utopia (Manoel de Oliveira, 2000) = ****

Eu acho que teria captado mais particularidades dessa biografia pouco convencional de padre Antônio Vieira se me lembrasse das aulas de História (e pensar que era minha matéria preferida).

Contudo, Palavra e Utopia me comoveu por ser sobre a velhice. Ou melhor, sobre um velhinho (Lima Duarte, inesquecível), que continua a lutar pelo que é certo apesar da saúde se deteriorar com o tempo. Emociona duplamente se pensarmos que nosso inestimável cineasta centenário certamente se identifica com seu protagonista. Até porque ambos – personagem e diretor – dão grande valor ao poder da palavra.

Non, ou a Vã Glória de Mandar (Manoel de Oliveira, 1990) = ****

O melhor filme de nosso cineasta lusitano e centenário favorito? Pelo menos é o mais místico. É um antecessor do também genial Um Filme Falado. Estamos em Angola, durante a Guerra Colonial. Enquanto esperam ordens, um batalhão ouve dum soldado formado em história uma aula sobre alguns dos momentos mais infelizes da História antiga portuguesa - todos lindamente encenados por Oliveira.

Diante de tantas infelicidades, soldados e espectadores se perguntam: estamos condenados a repetir os erros do passado? Se o Destino existe, qual é nosso propósito final? Oliveira não responde, mas termina seu filme numa cena ambivalente: uma coincidência espantosa ou evidência de forças misteriosas? Cada um crê no que quiser.

9 de dez. de 2008

Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei (Ed Harris, 2008) = **

Além dos diálogos saborosos (e quem entende inglês deve esquecer as legendas), fui surpreendido pela ambição do Harris em ser “previsivelmente imprevisível”. É o que diz o caubói de Viggo Mortensen ao ver Renée Zellweger entrar em cena. O filme é tão inconstante quanto ela e daí vem o charme de ambos: Appaloosa alterna clichês de aventura, romance e comédia, mas nunca da forma ou na ordem que esperamos. Pena que essas alternâncias nem sempre funcionam. Domar o imprevisível não é pra qualquer cineasta, mas quem sabe Ed Harris chega lá?

O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968) = ***

A revisão não mudou minha opinião sobre o filme. Continuo impressionado com a sede de Sganzerla em encontrar a qualquer custo formas de expressar nosso Brasil em fragmentos alucinados (convenhamos, discos voadores não estariam mesmo deslocados em nosso país). Infelizmente, também continuo achando que o filme aos poucos se dispersa e perde a força.

8 de dez. de 2008

Dois blogs acrescentados:

Cinema com Cana - do Júnior, também encarregado do Dicionários de Cinema.
Fabito’s Way - do Fábio, redator da Cinética

Murmúrios do Rio Fuefuki (Keisuke Kinoshita, 1960) = ***

Eu não me impressionei com o maior atrativo desta Sessão do Comodoro (que esqueci de avisar aqui no blog, foi mal): as cores pintadas a mão no negativo, tingindo a fotografia em p&b do filme. Achei a experiência cromática irregular, com erros e belos acertos.

O que me cativou foi como Kinoshita narra com clareza e agilidade as transformações duma família camponesa durante décadas de sucessivas guerras – sem sair da casa deles! A maioria das cenas são dentro ou nos arredores do lar. Como no rio do titulo, o tempo, as pessoas, as ambições e os governos passam e somem. Sobram a casa e o pranto dos sobreviventes.

São Bernardo (Leon Hirszman, 1973) = ****


Bom, é preciso lamentar que a exibição deste filme no Bombril em cópia novinha foi prejudicada por uma troca de rolos, que tornou a trama difícil de seguir no terço final. Agora, ao filme.

Falaram tanto de São Bernardo como sendo sobre “capitalismo isso e aquilo”, que fui na sessão com um pé atrás, temendo uma tese genérica sobre capitalismo. De filmes-tese, estou farto. Mas que beleza, Hirszman passa muita credibilidade ao retratar o modo implacável de ser e fazer negócios de UM fazendeiro específico (Othon Bastos, magnífico) em UMA região específica.

O casamento do fazendeiro – um negócio como tantos outros, com o único intento de gerar um herdeiro – não o amolece, mas revela suas rachaduras. Brechas sugerindo que há um tanto de interpretação consciente em sua figura rígida e autoritária (perfeitamente filmada em planos longos). Mesmo sem intenção, suas atitudes levam a mulher à loucura e morte.

Aí, na inesquecível cena final à luz de vela (foto), ele conclui que – embora lamente a morte dela – se pudesse voltar atrás faria tudo igual, pois sua natureza não o permitiria agir de outra forma. A vela se apaga e o fazendeiro deixa de ser homem e se torna sombra. Há uma mensagem aí (uma tese?) sobre o poder do dinheiro no homem, mas também há uma tragédia irreparável.

6 de dez. de 2008

Mais um texto (em inglês) do Serge Daney: For a cine-demography.

No ar, a nova edição da revista on-line e anual
Screening the Past.

Manoel de Oliveira 100 Anos

Começa hoje a mostra na Cinemateca Brasileira comemorando o centenário do mais jovem velho cineasta em atividade atualmente. Alguns filmes importantes dos anos 90 e 2000 (todos exibidos em DVD, infelizmente), além do primeiro longa (Aniki-Bóbó) e do primeiro curta (Douro, faina fluvial).
Veja a seleção e programação.

Por último, ontem estreou no circuito comercial (em projeção digital), A Fronteira da Alvorada, do Philippe Garrel. Quem perder a chance de (re)ver é mulher do padre. Appaloosa, do Ed Harris, parece curioso.

4 de dez. de 2008

Murnau é uma das minhas muitas omissões imperdoáveis como cinéfilo. Antes da mostra no CCBB-SP, eu só conhecia Nosferatu, que vi uma vida atrás e não lembro quase nada. Infelizmente, não foi possível salvar completamente minha dívida com o grande cineasta alemão, mas deu pro gasto. Eis meu ranking dos filmes dele (deixei Nosferatu de lado por mal me lembrar dele).

Poemas Visionários: O Cinema de F.W. Murnau

1º Aurora (F.W. Murnau, 1926) = ****

Este ainda vai receber um post próprio. Basta dizer que é, sem nenhum exagero, um dos melhores filmes que vi na vida.

2º City Girl (F.W. Murnau, 1929) = ***

Uma pérola pouco conhecida do mestre. Lembra Aurora, sem ter a força e beleza deste (quantos filmes tem?). Assim como Aurora, o final feliz não é garantia de nada. A vida a dois (no campo ou na cidade) é uma luta a ser travada todos os dias. Lindo.

3º A Última Gargalhada (F.W. Murnau, 1924) = ***

Uma pequena decepção. O filme se concentra demais no protagonista e não aprofunda outros elementos de interesse (como a relação do porteiro com os vizinhos, por exemplo). Mas é um belo estudo sobre classes sociais e o poder que uma farda exerce.

4º Terra em Chamas (F.W. Murnau, 1921) = ***

Engana-se quem pensar neste filme como um conto de redenção moral. No fim o protagonista é punido não por sua ambição financeira, mas por não demonstrar nenhum amor pelas mulheres que cruzam seu caminho. E o desfecho não tem nada de feliz, pois o anti-herói viverá e morrerá como seu pai: pobre e doente.

5º Fantasma (F.W. Murnau, 1922) = **

Alguns belos momentos, mas o protagonista é um pouco Werther demais pro meu gosto. Assim como Terra em Chamas, o excesso de personagens atrapalha. Mas ao contrário deste, Fantasma de fato é uma simples trajetória de redenção moral.

3 de dez. de 2008

Queime Depois de Ler (Joel & Ethan Coen, 2008) = *

Um filme desagradável, ainda que ocasionalmente divertido. Neste deboche das tramas de espionagem, Frances McDormand acredita que uma cirurgia plástica irá resolver todas as suas carências. Os outros personagens apresentam questões parecidas. Cada cena e cada diálogo apenas confirmam o diagnóstico dos EUA como um país ocupado demais com questões superficiais. Eventualmente as certezas dos Coen cansam e sufocam as piadas.

O Pântano (Lucrécia Martel, 2001) = ***

Rever filmes é essencial. Gostei muito mais de O Pântano nesta segunda vez. Não lembrava do quanto ele era assustador. Os poucos personagens com batimentos cardíacos lentamente se entregam e morrem (de forma metafórica ou literal). Como não afundar no lodo do pântano da miséria humana? Na última cena a menina diz que “não viu nada”. Então aprender a ver (o cinema, a vida) é vital. E então rever.

7º Festival Varilux de Cinema Francês.

Beijo na Boca, Não! (Alain Resnais, 2003) = ***

Um dos beijos mais belos do cinema recente: um homem e uma mulher – que não se suportam – beijam-se pra salvar a relação de outro casal (uma longa história...). A câmera focaliza os pés dela aproximando-se hesitantes dos pés dele e... ela literalmente sai voando. Levando em conta que o homem não beijava ninguém há décadas (daí o título), esse beijo tinha mesmo que ser mágico. Uma delícia de ver.

2 de dez. de 2008

Hoje tem uma sessão imperdível! Acabei de ler no blog da Ilustrada que nesta terça haverá a primeira exibição - grátis! - em São Paulo da cópia restaurada de São Bernardo, de Leon Hirszman. A adaptação da obra de Graciliano Ramos será exibida às 20h no Cine Bombril.

Em seguida haverá debate, contando com a presença do ator Othon Bastos, o diretor de fotografia Lauro Escorel, além do Ismail Xavier e Sérgio Rizzo.

Agente 86 – 02.02 Strike While the Agent is Hot (Gary Nelson, 1966) = **

Smart como líder das negociações sindicais de seus colegas espiões é uma ótima idéia, que rende diálogos hilários. Principalmente porque é justamente sua dedicação (e competência!) na nova função que o faz dar as trapalhadas de sempre durante uma investigação rotineira. Só faltaram mais piadas físicas.
Problemas pessoais me afastaram do cinema (incluindo a mostra do Murnau, infelizmente) e do blog, por isso a falta de atualizações na reta final deste mês. Mas o blog já entra nos eixos novamente. Por enquanto fiquem com o ranking de novembro.

Cinema

007 Contra o Satânico Dr. No (Terence Young, 1962) = *
007 - Quantum of Solace (Marc Forster, 2008) = **
Aurora (F.W. Murnau, 1926) = ****
Beijo na Boca, Não! (Alain Resnais, 2003) = ***
City Girl (F.W. Murnau, 1929) = ***
Diário dos Mortos (George A. Romero, 2007) = ****
Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (Peter Hedges, 2007) = *
Êxtase dos Anjos (Koji Wakamatsu, 1972) = 0
eXistenZ (David Cronenberg, 1999) = ***
Fantasma (F.W. Murnau, 1922) = **
Hannah Takes the Stairs (Joe Swanberg, 2007) = 0
Kadosh - Laços Sagrados (Amos Gitai, 1999) = ***
Leonera (Pablo Trapero, 2008) = ***
Meu Nome é Dindi (Bruno Safadi, 2007) = *
Moscou contra 007 (Terence Young, 1963) = **
O Pântano (Lucrécia Martel, 2001) = ***
Queime Depois de Ler (Joel & Ethan Coen, 2008) = *
[REC] (Jaume Balagueró & Paco Plaza, 2007) = *
O Silêncio de Lorna (Jean-Pierre & Luc Dardenne, 2008) - *
Terra em Chamas (F.W. Murnau, 1921) = ***
Tudo Perdoado (Mia Hansen-Love, 2007) = *
A Última Gargalhada (F.W. Murnau, 1924) = ***
Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen, 2008) = **

TV

Agente 86 – 02.01 Anatomy of a Lover (Bruce Bilson, 1966) = *
Agente 86 – 02.02 Strike While the Agent is Hot (Gary Nelson, 1966) = **

25 de nov. de 2008

Isto aqui é bom demais: Retaguarda da vanguarda - Francis Vogner sobre a Mostra SP.

Moscou contra 007 (Terence Young, 1963) = **

Melhor que Dr. No, principalmente porque o carisma de Connery está a serviço da trama ao invés de ser o único interesse do filme. O fato dos coadjuvantes (incluindo a Bond girl) terem personalidade também ajuda. A etapa final, basicamente uma série de perseguições ao 007, é especialmente eficiente.

Agente 86 – 02.01 Anatomy of a Lover (Bruce Bilson, 1966) = *

Quase todos os episódios da série (com importantes exceções) são parecidos entre si. A graça do programa está na maneira como as mesmas piadas são contadas de forma diferente. Mas este episódio só as repete sem inspiração. Simpático e só.

21 de nov. de 2008

Kadosh - Laços Sagrados (Amos Gitai, 1999) = ***

Uma raridade, um Gitai cuja longa duração dos planos se justifica totalmente. É o tipo de filme que detratores acusam de panfletário (denúncia da opressão feminina entre judeus ortodoxos). Na verdade, Kadosh é um retrato do profundo racha entre desejos humanos e disciplina rigorosa de comunidades ortodoxas (e dessas comunidades com a sociedade laica). Cena exemplar: a mulher que não quer se casar de jeito nenhum – nem com o homem que ama, nem com o horroroso noivo arranjado – experimenta feliz da vida o vestido de noiva. Poucas vezes vi o mistério da alma feminina captado com tanta lucidez.

007 Contra o Satânico Dr. No (Terence Young, 1962) = *

O primeiro 007 é o típico filme de astro. Ou seja, construído pra vender uma imagem: neste caso, da masculinidade agressiva, mas refinada do James Bond (um perfeito Sean Connery). Infelizmente esse é o único aspecto do filme pelo qual Terence Young mostra interesse. O restante é bem frágil.
Texto (em inglês) do Serge Daney sobre John Ford.

Dois blogs acrescentados na coluna lateral:

Passarim - do Daniel Caetano

Dicionários de Cinema - traduções de críticos renomados como Daney, Lourcelles, etc. ótima iniciativa do Luiz Soares Júnior.

7º Festival Varilux de Cinema Francês.

Começa hoje no HSBC Belas Artes. São sete filmes, seis deles inéditos no Brasil. A seleção inclui o último Honoré, um Resnais (Beijo na Boca, Não!), a estréia na direção da Valeria Bruni (Atrizes) e Elogio ao Amor, do Godard.
Confira a seleção e programação.

19 de nov. de 2008

Poemas Visionários: O Cinema de F.W. Murnau

Essa mostra é imperdível! Começa hoje no CCBB-SP (e vai até 30 de novembro) a comemoração dos 120 anos de nascimento de Friedrich Wilhelm Murnau, o grande cineasta alemão. A retrospectiva apresenta os doze filmes sobreviventes do diretor, quase todos em película. Para saber a programação do evento é só
clicar aqui.

17 de nov. de 2008

A Liga dos Blogues postou hoje o Ranking Festivais 2008. É o resultado da votação entre os membros pra definir os melhores filmes exibidos no Festival do Rio e na Mostra de Cinema de SP. Meus votos estão alguns posts abaixo (faltou Leonera, que só vi depois da Mostra). Comparando as duas listas vocês vão perceber que fiquei muito satisfeito com o resultado da eleição...

OBS: se tivesse me lembrado que poderia ter votado em filmes vistos na Mostra SP 2007 mas exibidos no Rio este ano, eu teria encaixado A Viagem do Balão Vermelho e Na Cidade de Sylvia de qualquer jeito.

16 de nov. de 2008

Penélope Cruz Scarlett Johansson
Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen, 2008) = **

Parafraseando o narrador do filme, Allen não sabe o que quer como cineasta – mas sabe o que não quer. Ainda bem. Vicky Cristina Barcelona é constrangedor sempre que torna-se mais calculado (os outros americanos, por exemplo). Mas é uma delícia na maior parte do tempo, quando esquece a trama e aproveita o charme do elenco. Ao abandonar a sisudez e obsessão pela morte dos longas anteriores, Allen fez seu filme mais vivo em anos.

[REC] (Jaume Balagueró & Paco Plaza, 2007) = *

Este terror segue exclusivamente o ponto de vista duma câmera, semelhante A Bruxa de Blair e o excepcional Diário dos Mortos de George Romero. Mas diferente do último Romero, [REC] jamais coloca a câmera – ou seja, a suposta verdade das imagens – em questão. Nem tece comentários sobre a espécie humana. Na verdade é um filme sem assunto. Tudo bem, ele tem alguns sustos caprichados. Mas... é só isso que a gente quer dos filmes de terror?

14 de nov. de 2008

O Silêncio de Lorna (Jean-Pierre & Luc Dardenne, 2008) - *

Primeiro plano: a albanesa Lorna saca dinheiro no banco. Segundo plano: ela planeja o futuro com o namorado pelo telefone. Ou seja, a moça necessita de grana pra realizar seus sonhos. Grana que virá se participar dum esquema que inclui matar seu marido - um viciado com quem se casou pra tornar-se belga. Contudo, Lorna hesita. Talvez porque – devido a sua etnia – saiba o que é ser uma pessoa descartável. É um dilema interessante. É uma personagem interessante.

Mas os outros personagens precisavam ser tão simplórios? Os cúmplices dela são sempre pragmáticos, egoístas. O marido é quase sempre frágil, chorão. Não são pessoas, são ferramentas pra reforçar o dilema de Lorna e o alerta humanista dos Dardenne. O assassinato do marido nem é filmado, só pra surpreender o espectador. Os Dardenne agem igual aos criminosos do filme – tratando seus personagens como objetos descartáveis.

13 de nov. de 2008

Leonera (Pablo Trapero, 2008) = ***

Uma mulher grávida é presa por um homicídio que não lembra se cometeu. Ela é encarcerada num pavilhão exclusivo para presidiárias gestantes e seus filhos pequenos. Pablo Trapero só observa – sem julgar – o surrealismo de viver com crianças atrás das grades.


Quando parece que ele esgotou o estoque de situações fortes e inusitadas, seu interesse se volta pra protagonista e o filho. Aí Leonera torna-se um melodrama (com entrega visceral da atriz Martina Gusmán) sobre maternidade como expressão de vida e liberdade. O filme começa com uma mulher confusa e termina com ela lúcida o bastante pra escolher seu caminho.

11 de nov. de 2008

eXistenZ (David Cronenberg, 1999) = ***

Cronenberg brincando de ser Cronenberg, num filme sobre percepção de realidade (ou seja, cinema e mídia em geral). De fato, eXistenZ às vezes ameaça ser um mero catálogo de elementos recorrentes da sua filmografia, mas o pulso do diretor bate forte nas horas certas. Pena que embora heróis e espectadores nunca saibam onde estão pisando, Cronenberg sempre sabe, o que limita as possibilidades.